A 3 de fevereiro de 1977 entrou no Porto do Funchal um jovem engenheiro civil que aqui tinha sido colocado como responsável pela fiscalização da construção do cais norte que depois da regionalização, foi transformado em parque de contentores.

Duarte Gomes lembra-se de ter olhado à volta e de ter registado as primeiras impressões: “quase tudo estava por fazer no Porto do Funchal! Todos os equipamentos eram obsoletos, não tínhamos meios para descarga de navios, a grua mais potente levantava apenas 11 toneladas. O equipamento terrestre estava ultrapassado e as poucas máquinas tinham uma vida média de cerca de 20 anos.”

Em 1978, ficou como diretor interino, nomeado pelo Ministério das Obras Públicas de Lisboa, pois pertencia aos respetivos quadros. Ao ministro tentou convencer da necessidade da introdução dos contentores no transporte para a Madeira. “Foi difícil, pois ele dizia que as ruas eram estreitas, não havia possibilidade de movimentar contentores.”

Em 1979, em pleno agosto, no mesmo mês que a Junta Autónoma dos Portos foi extinta e os Portos da Madeira regionalizados, recebeu do então Presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim e do seu Secretário Regional com a tutela desta área, Miguel de Sousa, o convite para ser o primeiro Diretor Regional dos Portos da Madeira.

“Aceitei, com a plena consciência dos desafios que me esperavam! A Madeira começava a desbravar os caminhos do desenvolvimento e os portos tinham de acompanhar esse surto para responderem às solicitações do mercado. Tudo o que se consumia na região passava pelo porto”, recorda.

As primeiras medidas foram a concretização da construção do Parque de Contentores, no cais norte do Porto do Funchal, os melhoramentos no cais de Câmara de Lobos e o início da construção do Porto de Abrigo do Porto Santo.

De tudo o que foi feito, Duarte Gomes considera que o mais complicado “foi dotar o Porto do Funchal de meios de descarga e movimentação de mercadorias, com a aquisição de modernos equipamentos para esse fim, a montagem de oficinas de reparação dos mesmos, stocks de peças para os equipamentos que eram únicos numa região que não podia socorrer-se no privado.”

Foi nessa altura, que entraram muitos trabalhadores nos portos. “O aumento do número de trabalhadores de 100 para 400 foi um imperativo da diversidade de trabalho que desenvolvemos nessa altura, tanto na parte terrestre como marítima.” Os Portos da Madeira ainda ficaram com a responsabilidade do transporte de passageiros entre o Funchal e o Porto Santo, através do Pirata Azul, do Pátria e do Independência.

Em 1984, iniciaram-se as operações portuárias no Porto do Porto Santo e nasceu a Marina do Funchal. Todas as operações com estas novas infraestruturas foram feitas com o pessoal dos portos, justificando-se o grande aumento de colaboradores.

“Tudo era feito manualmente. O primeiro equipamento informático, ainda rudimentar foi adquirido pelos portos entre os anos 80 e 85. Os vencimentos eram pagos em dinheiro, metido num envelope, e entregue em mão a cada trabalhador. Preocupava-me o colaborador que transportava numa pasta a totalidade do dinheiro que era levantado no Banco de Portugal e entregue na Tesouraria dos portos para ser distribuído. Felizmente, nunca aconteceu nada! Quando obrigámos os funcionários a abrir uma conta bancária para onde o dinheiro era transferido, alguns deles, no próprio dia, levantaram a totalidade do dinheiro.”

Nessa altura, o ambiente entre os funcionários dos portos, segundo o seu diretor, “era único. Tínhamos uma equipa jovem, com grande qualidade e disponível para trabalhar de dia ou de noite.”

Ao fim de poucos anos, Duarte Gomes acha que “isto deu uma enorme volta. Em termos de operações portuárias de mercadorias passámos a ter níveis de trabalho e de satisfação dos utentes do porto ao mais alto nível dos portos nacionais.”

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